2018-12-28

Movimentos de Convergência: (2) Rosa dos Ventos

O curso que Luiz Carlos Maciel gravou, nos dias 01 e 02 de setembro de 2017, sobre a essência da contracultura (veja aqui)  substitui, em parte, o seu desejo de escrever um livro, que se chamaria Rosa dos Ventos. Maciel organiza o seu pensamento em torno de quatro pensadores que, embora não tenham nenhuma relação entre si, explicam a sua trajetória e fornecem os fundamentos filosóficos da contracultura: Martin Heidegger (1889 - 1976), Norman O. Brown (1913 - 2002), Carlos Castaneda (1925 - 1988) e Philip K. Dick (1928 - 1982).

2018-12-22

037. Cozinhando com o Coração

 Bhāvana Namaḥ: Cozinhando com o Coração
RECEITAS DA SEMANA: lasanha de alcachofra, batata doce assada com alho e páprica, salada de grão de bico especial, bolo de frutas e suco de jabuticaba.


1. Lasanha de alcachofra (vegana)
A receita aqui apresentada é uma boa dica vegana para o jantar de Natal. É uma adaptação de outra, que leva “cream cheese”, desenvolvida pelo meu irmão, João Alberto.  

Rendimento: 8 porções

Ingredientes:

Para a lasanha:
500 g de lasanha, prefencialmente de massa fresca ou de semolina
300 g de coração de alcachofra picada
1 cebola grande fatiada
6 colheres (sopa) de azeite
Sal a gosto

2018-12-18

As Correntes Noúricas de Pensamento: dos Vedas até o Manuscrito do Purgatório e a ciência moderna

Quando se olha para o céu, tem-se um sentimento de unidade
que encanta e dá vertigem. (Ferdinand Hodler)
Na serie de artigos que compõem este capítulo introduzo a discussão sobre o estado de sonho e a sua relação com as correntes superiores de pensamento, implícitas, tanto no conceito védico de “Ṛṣi-nyāsa”, como no conceito das “noúres”. Este termo foi cunhado por Pietro Ubaldi a partir de duas palavras gregas, "nous" (pensamento) e "rhéo" (fluir), para expressar aquilo que os filósofos chamam sentimento intuitivo; os artistas, de inspiração; os religiosos de revelação e mediunidade; os xamãs, de estados alterados de consciência e percepção; e outros ainda, de innernet1

Segundo a lei universal da ressonância e da afinidade espiritual (Ātma-śakti dharma, fundada no funcionamento de tejas e śraddhā), que se encontra na base da ciência do espírito, podemos, tanto contagiar aos demais, como nos deixar contagiar pelos seus diferentes estados de ânimo. A mente humana é capaz de vibrar e de entrar em sintonia e ressonância com diversas correntes psíquicas, as quais dão origem a uma enorme gama de emoções, sentimentos e pensamentos. Daí a importância dos mantras, das orações e das disciplinas espirituais que nos convidam a elevar o nosso estado da alma, para que ela possa se nutrir dos nobres ideais e valores vividos por aqueles que alcançaram os planos superiores da consciência. Ṛṣi-nyāsa2 representa, basicamente, a disciplina de internalização e incorporação (nyāsa) do ideal de unificação com a esfera dos seres divinos e santos (Ṛṣi), tornando-nos aprendizes das hostes celestiais e instrumentos, portanto, da vontade cósmica. De acordo com a literatura sagrada da Índia, Ṛṣi-nyāsa representa a ancestral técnica védica utilizada pelos Rishis (videntes) na elaboração de textos sagrados, manifestando-se, em suma, como a capacidade de fazer de toda atividade humana um meio de acesso à energia sintrópica (brahma-śakti). No Ṛgveda esta energia aparece personificada como a deidade Śraddhā; no Mahābhārata, como Durgā, a encarnação do aspecto de invencibilidade da divindade. Tanto o Ṛgveda como o Mahābhārata nascem como expressão e consequência de Ṛṣi-nyāsa, que encontram, então, no diálogo entre Krishna e Arjuna na Bhagavad Gītā a sua representação paradigmática.

2018-12-08

Maha Saṃkalpa: a precedência de Śreyas (anseios altruístas) sobre Preyas (anseios passionais)

O exercício do olhar e da escuta de Śraddhā:
O São Coração em mim saúda-o em você!
O sagrado coração materno do judaísmo e
do seu filho, o cristianismo, é um só.
Namastê! Namastê! Namastê!
Antes de realizar um Maha Saṃkalpa, devemos atender à disciplina espiritual. Devemos invocar, no silêncio de cada dia que amanhece, a energia  sintrópica (brahma-śakti), personificada como a deidade Śraddhā, que simboliza o poder do amor em ação e também o fogo do coração espiritual. Śraddhā, a energia divina em nós, fecunda a vontade altruísta, conduzindo-nos à vitória sobre as nossas paixões inferiores.
********************************************************************
(Ājñā Chakra: ponto de encontro de Iḍā e Piṅgala) 
ॐ हंसस् सोऽहं योगेश्वरीं ह्रीं स्वाहा 
OṂ haṃsas so'haṃ yogeśvarīṃ hrīṃ svāhā
OṂ eu sou o Eu Sou, saudações a Śrī Yoga Devī

(Ājñā Chakra: ponto de encontro de Iḍā e Piṅgala) 
हंसोऽहंसोऽहंसोऽहंसोऽहंसोऽहंसोऽहंसोऽहं
Haṃ-so-haṃ-so-haṃ-so-haṃ-so-haṃ-so-haṃ-so-haṃ. . .

Meditemos por alguns minutos, com os olhos suavemente fechados,
auscultando a nossa respiração e nos lembrando de que
a consciência deste mantra nos possibilita viver
a vida toda em estado de meditação . . . 

OṂ   OṂ   OṂ
Inspiro (haṃ-) paz e harmonia (Brahma Śakti), expiro (so-) amor (Śraddhā)
Quando inspiro, sinto a presença do Ātman no meu coração;
quando expiro, sinto o meu coração no Paramātman. .  .
Haṃ-so-haṃ. . . 
OṂ eu sou o fogo ardente do coração
Haṃ-so-haṃ. . .
OṂ eu sou a presença da paz e do amor em ação
Haṃ-so-haṃ. . .
OṂ todo ressentimento transformo em compaixão e compreensão
Haṃ-so-haṃ-so-haṃ. . .
OṂ tudo é sagrado; tudo é de natureza sagrada; tudo é necessário

*
***

OṂ OṂ OṂ

OṂ   TAT   SAT

Namastê! Namastê! Namastê!

2018-12-04

Ṛṣi-nyāsa: a perfeita alegria de ser, antes de fazer e dizer

Ṛṣi-nyāsa: primeiro ser; depois fazer; e só então, dizer
Arjuna
A Invocação e a internalização da divindade arquetípica é conhecida na literatura sagrada como Ṛṣi-nyāsa1. Ṛṣi-nyāsa sempre envolve um longo percurso iniciado com um simples primeiro passo: o Saṃkalpa, ou a firme resolução da faculdade da vontade de não se afastar da meta suprema. Ṛṣi-nyāsa nos torna aprendizes e instrumentos, portanto, da vontade sintrópica universal, expressa na correspondência e harmonia que deve haver entre as faculdades da alma e aquelas exigidas para o desenvolvimento de uma comunidade justa e feliz. Ṛṣi-nyāsa representa a capacidade de promover a unificação com  a energia sintrópica universal (brahma-śakti), invocada (veja aqui) por Arjuna2 em seu aspecto de Durgā (Invencível), instantes antes do início do episódio da Bhagavad Gītā e personificada no Ṛgveda como a deidade Śraddhā.

2018-12-02

A superação da tradição "guru śiṣya paramparā"

Bhagavad Gītā rompe com o entendimento tradicional da expressão "guru śiṣya paramparā", utilizada para qualificar a sucessão ininterrupta (paramparā) de transmissão do conhecimento, de mestre (guru) a discípulo (śiṣya), no hinduísmo, budismo e janismo. Prova é que Arjuna não fez discípulos. Surpreendentemente, o texto introduz a relação "mestre-discípulo" (guru śiṣya) entre dois kṣatriya-s, ou seja, dois príncipes da classe político-militar e, portanto, sem nenhum vínculo com qualquer linhagem de "instrutores religiosos".

Há um aforismo de Ralph Waldo Emerson que exprime com maestria esse sentido de superação da tradição védica que o texto da Bhagavad Gītā apresenta. Ele diz: "Todo o homem que encontro me é superior em alguma coisa. E, nesse particular, aprendo com ele." Somente aqueles que se libertaram dos vínculos com um instrutor religioso em particular podem, como Emerson, ver em todos os seres um instrutor (guru). E, ao fazê-lo, tornam-se, eles mesmos, em certa medida, novos instrutores. São de Emerson também os seguintes aforismos, inspirados no milenar texto da Bhagavad Gītā e que nos auxiliam a compreender a atualidade, importância e relevância da tradição, representada pela expressão "guru śiṣya paramparā", que contém, em si mesma, as sementes da sua gradual transformação e ressignificação:

2018-11-27

Movimentos de Convergência: (1) Maciel por ele mesmo

Maciel e  seus paisO seguinte aforismo de Johann Goethe, "Trate as pessoas como se elas fossem o que poderiam ser e você as ajudará a se tornarem aquilo que são capazes de ser", resume a essência tropicalista da filosofia do coração que pude identificar em Luiz Carlos Maciel (1938 - 2017) a partir de nossos diálogos sobre a sua filosofia política e de vida e que pretendo introduzir nesta serie de artigos deste capítulo.

Tive a oportunidade de discutir com Maciel sobre as contradições de sua formação intelectual, muito influenciada pelos pais, que tinham visões de mundo bem diferentes: sua mãe era Católica Apostólica Romana; e o seu pai, ateu, materialista e simpatizante do Partido Comunista. Daí, inclusive, a razão da escolha do nome “Luiz Carlos”, em homenagem a Luiz Carlos Prestes (1898 – 1990). Foi por influência de sua mãe que Maciel estudou com os jesuítas no Colégio Anchieta, de Porto Alegre, recebendo educação religiosa. No Colégio, Maciel era muito instigado pelos padres para a importância de seguir a verdadeira fé, a religião católica. Ali aprendeu a filosofia tomista que fundamenta a Escolástica Medieval mas, tão logo se tornou adolescente, recebeu de presente do seu pai um exemplar do Manifesto Comunista de Marx e Engels. Isto levou Maciel a ler outras obras destes autores, o que fez com que ele fosse se colocando do lado do povo e se tornando, aos poucos, comunista à sua maneira. Foi de um polo ao outro muito rapidamente: da preocupação com a salvação individual após a morte, passou a experimentar o sentimento de injustiça social e o sofrimento da espécie humana, sujeito ao poder do capital, tal como denunciado pelos marxistas.

2018-11-23

Brasil: em busca de uma grande síntese tropicalista

Guru da Contracultura
Luiz Carlos Maciel (Setembro/2017)
Pretendo introduzir nas próximas seções do presente capítulo o pensamento psicopolítico do filósofo, jornalista e roteirista LUIZ CARLOS MACIEL (15.03.38 – 09.12.17), o guru da contracultura. Autor de vários livros, dentre eles, o aclamado O Poder do Clímax – fundamentos do roteiro de cinema e TV (reeditado em 2017). Maciel foi um dos fundadores de "O Pasquim" e diretor de redação da revista "Rolling Stone".

2018-11-20

036. Cozinhando com o Coração

Salada de abóbora com molho de laranja
RECEITAS DA SEMANA: salada de abóbora com molho de laranja, palmito grelhado com molho pesto, torta de espinafre com ricota, patê de inhame e cenoura, limonada de limão siciliano.

2018-10-29

Não há um caminho para a paz; a paz é o caminho

​Em nossa busca pela paz, muitas vezes esquecemos que a verdadeira batalha não ocorre no mundo exterior, mas dentro de nós mesmos. Essa percepção profunda é transmitida pela sabedoria universal da Bhagavad Gītā, ​o texto central do épico Mahābhārata. Não devíamos nos esquecer jamais, conforme ensina o épico, que o exterior apenas reflete o nosso interior. A verdadeira batalha é aquela que se reflete no mundo como o esforço para se vencer a si mesmo e não ao próximo. Não é a luta de gêneros, de etnias, de classes, nem se dá entre estereótipos de esquerda e direita. Daí a UNESCO expressar em sua Declaração sobre a Cultura da Paz, formulada em 1999, a compreensão de que a a paz verdadeira não pode ser alcançada apenas por meio de soluções externas: "Uma vez que as guerras se iniciam na mente humana, é na mente que devemos construir os mecanismos de defesa da paz."

2018-10-17

Bhagavad Gītā: a meditação sintrópica em seus três estágios

I. Introdução

A novidade e a originalidade do argumento que pretendo desenvolver a seguir decorrem da tese de que o texto da Bhagavad Gītā1 representa a alegoria mais perfeita e bem acabada da arte e da ciência da meditação. Apesar da extensa literatura disponível, quase nada existe a esse respeito. O caráter universalista, não sectário e não dogmático do texto revela a meditação como uma prática sintrópica que não pertence, exclusivamente, a nenhuma denominação religiosa em particular. A Bhagavad Gītā é uma alegoria poética da luta interior que se passa no ser humano. Mostra o percurso de Arjuna, saindo de um estado inicial onde ele aparece como um devoto (bhakta) sem śraddhā, até o momento onde ele se encontra pleno de śraddhā. Quem escuta e faz as coisas de coração, tem crédito – do latim, credere (acreditar, confiar), que também origina o termo “credo” em português.  “Credere” deriva de “śrad-dhā”, a certeza interior e a convicção íntima. Quando a mente do aspirante funciona a partir do coração este desenvolve uma “sintonia fina” que lhe permite perceber a vida e o universo de forma sintrópica, como uma espécie de poema cósmico, onde o solo, os rios, a água, o ar que respiramos e a própria vida aparecem como partes de um todo sagrado e em perfeito equilíbrio.

2018-10-13

035. Cozinhando com o Coração

Risoto de Ervilhas
RECEITAS DA SEMANA: Risoto de ervilha, Aloo Gobi (couve flor com batata à moda indiana), Focaccia de sálvia, Manjar libanês, e Suco de tamarindo e laranja.

2018-08-24

034. Cozinhando com o Coração

Delícia de Batata
RECEITAS DA SEMANA: Fritada de batata, Salada de pepino com molho de gengibre, Quibe vegetariano, Sequilhos de laranja e morango, Batida de uva passa.
  

2018-08-03

Bhāvana Namaḥ: cultivando egrégoras

O logotipo é uma referência explícita ao
ideal de cultivar egrégoras (maṇḍalas).
I. Os desafios da viagem de retorno

Após o meu retorno ao Brasil, logo me dei conta de que deveria colocar em prática os resultados teóricos obtidos durante a pesquisa de tese desenvolvida na McMaster University (2001-7). Decidi, então, estruturar o site “A Corrente da Borboleta” (2007), para servir de base ao desenvolvimento de grupos de estudos sobre a arte e a ciência da meditação segundo a Bhagavad Gītā. Iniciei um primeiro grupo no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (2008), no Largo São Francisco, depois outro no programa PACEM da UFRJ (2009 - 2010), na Praia Vermelha e, finalmente, um terceiro grupo em nosso próprio apartamento (2010 até o presente). Foi assim que terminamos por hospedar aqui em casa em 2012, de três a cinco de fevereiro, o evento com Francisco Barreto e outros membros da Grande Síntese para discutir o processo de gestação de uma futura Universidade do Coração. O site “A Corrente da Borboleta” foi, então, doado para a instituição e reestruturado para atender aos interesses da nascente Universidade do Coração (veja aqui).

2018-07-12

O Quinto Puruṣārtha (Poder do Coração)

Como Identificar a Voz Oriunda dos Cinco Poderes do Coração?
Sermão da Montanha
Este artigo trata da interpretação sutil, presente no Mahābhārata, dos quatro Puruṣārthas1 (poderes do coração; aspirações humanas) da tradição indiana, subsumidos no quinto e pouco conhecido poder do Espírito, introduzido pelo Senhor Krishna na Bhagavad Gītā. O texto também discute como identificar a voz do coração, a fonte de autoridade que expressa esses poderes do espírito humano, convidando-nos a agir no mundo segundo a sua luz regenerativa e renovadora dos princípios e valores das distintas tradições culturais e religiosas.

2018-07-02

033. Cozinhando com o Coração:

Doce de chocolate com raspas de laranja.
RECEITAS DA SEMANA: Massa de pizza e Molho de tomate para pizza. Sugestões para cobertura da pizza: i) rúcula, ii) escarola, iii) champignon, e iv) alcachofra.  Doce de chocolate com raspas de laranja.

Desde 1889, o dia da pizza é comemorado em 10 de julho, quando o rei Umberto I e a rainha Margherita provaram uma pizza pela primeira vez. A receita, elaborada por Rafaelle Esposito, em Napóles, na Itália, no século XIX, foi recheada com ingredientes que remetiam às cores da bandeira italiana: muçarela (branco), tomate (vermelho) e manjericão (verde), dando origem à pizza Margherita. Então, para celebrar o inverno e o mês desta iguaria apreciada por todos, sugerimos uma segunda rodada de pizzas saudáveis e veganas. Fáceis de fazer, saborosas e nutritivas…

Para a massa e molho de tomate para pizza, clique aqui.

2018-06-18

Gītā-Upadeśa: o ensinamento iniciático sobre a via luminosa do coração

A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā
Representação do Anāhata:
o coração espiritual, sede do Espírito.
Vi outro dia num portal a seguinte recomendação: “você deve seguir sempre o seu coração”. O portal também sugeria que o conceito de espiritualidade iria, no futuro, ocupar o espaço hoje reservado à “religião” do homem dividido: “Um dia os homens não terão mais rótulos religiosos. Ninguém se dirá católico, protestante, hindu, (...) ou qualquer outra coisa, porque a única identificação que trará consigo será o amor.”  Isto me fez pensar na ancestral técnica védica utilizada pelos Rishis (videntes) na elaboração de textos sagrados, conhecida como Ṛṣi-nyāsa e chamada de Noúres por Pietro Ubaldi. Ṛṣi-nyāsa expressa a capacidade de fazer de toda atividade uma Invocação da energia divina e sintrópica (brahma-śakti).  Esta energia aparece personificada no Ṛgveda como a deidade Śraddhā, que, no  épico Mahābhārata, é invocada em seu aspecto de Durgā (Invencível) por Arjuna, em conformidade com a orientação de Krishna. Como consequência e expressão de Ṛṣi-nyāsa nasce, então, o próprio diálogo da Bhagavad Gītā.

032. Cozinhando com o Coração

A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā
RECEITAS DA SEMANA: Massa de pizza, Molho de tomate para pizza e Sugestões para cobertura da pizza: (i) abobrinha grelhada, (ii) Berinjela grelhada, (iii) palmito, e (iv) banana.


Muitos fatos históricos mostram que os egípcios foram os primeiros a misturar farinha com água. Outros afirmam que foram os gregos, que faziam massas a base de farinha de trigo, arroz ou grão-de-bico e as assavam em tijolos quentes. Os babilônios, hebreus e egípcios já misturavam o trigo e amido e a água para assar em fornos rústicos há mais de 5.000 anos. A massa era chamada de “pão de abraão”, era muito parecida com os pães árabes atuais e recebia o nome de piscea. Os fenícios, três séculos antes de Cristo, costumavam acrescentar diferentes coberturas ao pão; os turcos muçulmanos adotavam esse costume durante a Idade Média e, por causa das cruzadas, essa prática chegou à Itália pelo porto de Nápoles, sendo, em seguida, incrementada, dando origem à pizza que conhecemos hoje. No início de sua existência, somente as ervas regionais e o azeite de oliva, comuns no cotidiano da região, eram os ingredientes típicos da pizza. Os italianos foram os que acrescentaram o tomate, descoberto na América e levado à Europa pelos conquistadores espanhóis. Porém, nessa época, a pizza ainda não tinha a sua forma característica, redonda, como a conhecemos hoje, mas sim dobrada ao meio, feito um sanduíche ou um calzone.

2018-06-12

Constelação: onde quer que você esteja, seja a alma do lugar . . .

Aonde quer que você esteja, seja a alma do lugar
"Onde quer que você esteja, seja a alma do lugar" – esta frase, atribuída ao poeta Jallaludin Rumi (1207 - 1273) e utilizada no poema "O Silêncio" (veja aqui), de autoria de Chico Xavier, fez-me lembrar de uma experiência espiritual que tive em sonho em meados de maio de 2003, quando testemunhei os momentos que antecederam a minha própria concepção. Era como se estivesse me vendo antes de nascer, quando, sem a experiência densa da matéria deste mundo, o amor e a alegria se me apresentavam muito intensos. Nascer era ter em mim os meus pais, que tinham dentro deles outros pais, e assim sucessivamente. Uma vez descendo à  carne, todavia, percebia como era mais difícil discernir o bem e sentir amor, ou mesmo me recordar das promessas que fazemos antes de nascer [LE, Q. 132 e 330-343]1. Durante o sonho, parecia ter compreendido que todos os pais são representantes de Deus e experimentam, enquanto pais, um pouco da função divina de zelar e auxiliar no processo da criação. Eu testemunhara as dores e paixões vividas nos momentos que antecedem as concepções e via como os pais tinham nos filhos uma oportunidade de participarem do plano sagrado. Visualizara, inclusive, as suas lutas para a sobrevivência, inicialmente, longe do apoio e aconchego de toda uma estrutura familiar. Era a vida triturando os primeiros sonhos, conduzindo às primeiras quedas, até se iniciar, finalmente, a compreensão de todo este processo que nos faz perceber que, nos filhos, sempre mora um pedacinho dos pais. É por esta porta sempre aberta da família que o olhar dá uma festa na hora em que se retorna [A “Parábola do Filho Perdido”, Lucas, XV, 11-32].

2018-06-10

O Diário dos Sonhos e a Presença dos Ancestrais

Todas as verdades passam por três estágios.
Primeiro,elas são ridicularizadas. Segundo, recebem violenta oposição.
Terceiro, elas são aceitas como auto-evidentes.
Pseudo-Schopenhauer
Faz parte de todas as tradições sagradas guardar a memória e prestar homenagens aos ancestrais. O vídeo abaixo, da série “Diário dos Sonhos”, exemplifica como as forças do passado, simbolizada pelos nossos ancestrais, materializam e moldam o presente. É no mundo dos sonhos onde a memória dos ancestrais se apresenta com mais realidade. Nos sonhos, tudo se dá como se todos fôssemos uns partes dos outros, formando grandes famílias, tal como se formam as galáxias e os seus percursos. Como se o trabalho do agora não fosse mais que uma antiga obra sendo resgatada por meio de linguagens ancestrais, codificadas pelo amor. Talvez por isto mesmo, deixara registradas no diário algumas reflexões sobre a presença dos ancestrais em nossas vidas, conforme descrevo a seguir.

2018-06-02

O processo sintrópico de gestação da Grande Síntese – Instituto Cultural para o Florescimento do Homem

A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā

Conforme mencionei no texto A Via do Coração: um reencontro com Francisco Barreto, entre janeiro de 1988 e maio de 1989, realizamos, durante as tardes de sábado, no antigo Ashram Ātma, no povoado de Areia Branca, em Aracaju -- SE, uma série de quarenta e dois encontros, denominados de Buddhi1 Yajñas (Esforços de Intelecção), para refletir sintropicamente sobre o processo de gestação da Grande Síntese -- a instituição destinada a abrigar o Śuddha Sabhā Ātma, o núcleo responsável pela concepção da Universidade do Coração

Francisco leu e legitimou estes registros, deixando no próprio texto, um comentário de aprovação e a sua assinatura. Os originais, na verdade, nada além de um rascunho das minhas notas pessoais sobre os tópicos tratados nas reuniões, fazem parte do acervo do Memorial da Grande Síntese.

2018-05-28

031. Cozinhando com o Coração

Estrogonofe de Palmito
RECEITAS DA SEMANA: Estrogonofe de palmito e cogumelo, Batata doce assada, Arroz integral simples, Gersal, Suco de abacaxi com coentro e óleo de coco.

1. Estrogonofe de palmito e cogumelo (vegano)

O palmito é um alimento de baixas calorias e rico em potássio, substância que ajuda a manter controlada a pressão arterial, além de ajudar contra a retenção de líquidos. Por ser rico em fibras o palmito contribui para um excelente funcionamento do intestino. Além disso, é rico em cálcio e ferro, importantes para a formação dos tecidos e para a manutenção dos ossos. 

2018-05-27

CMT 014 - Oficina de Estudos: a Arte e a Ciência da Meditação

A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā
I. O NASCIMENTO DA DISCIPLINA

No final de 2017 participei do Primeiro Congresso dos Colaboradores Anônimos da Universidade do Coração, realizado entre 30.12.17 e 01.01.18, na Fazenda Mãe Natureza – SE.  Minha conferência teve como título, Mahābhārata: A história da manifestação do śuddha dharma (veja aqui). A apresentação me levou à elaboração da ementa de uma nova disciplina acadêmica, inicialmente chamada de A Arte e a Ciência da Meditação segundo a Bhagavad Gītā. Os primeiros passos para a materialização deste projeto haviam sido dados entre 2008 e 2011, durante os três anos do meu pós-doutorado na Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFRJ (veja aqui), onde seria implementado o Laboratório de Estudos sobre a Índia e Ásia do Sul (LEIAS). De forma concreta a implementação do projeto teve início em 16 de agosto de 2017, por iniciativa do PsIQ/UFRJ, que apoiou a ideia da criação da nova disciplina (veja aqui). A partir de 2019 ela passou a ser oferecida como disciplina eletiva, semestralmente, pelo Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) da UFRJ com o título CMT 014 - Oficina de Estudos: a Arte e a Ciência da Meditação. O vídeo abaixo mostra o esquema da apresentação no congresso. Ele contém os principais fundamentos da nova disciplina.


2018-04-28

030. Cozinhando com o Coração

Conserva de pimenta Dedo de Moça
RECEITAS DA SEMANA: Conserva de pimenta Dedo de Moça, Feijão refogado, Almôndega de tofu, Bertalha, Patê de cenoura e Castanha de caju.


1. Conserva de pimenta Dedo de Moça (vegana)

A Pimenta Dedo de Moça, da família Capsicum Baccatum, é uma das pimentas mais consumidas no Brasil, estando no grupo das preferidas, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Ela também recebe o nome  de Chifre de veado, Pimenta Vermelha ou Pimenta Calabresa. A conserva que iremos ensinar, dica da minha irmã Andréa Curan,  possui uma picância que varia de suave a mediana, o que a torna adequada para temperar azeitonas e molhos em geral. Entretanto, pode ser adicionada também ao feijão, acrescentando a ele um aroma delicioso.  A conserva de Pimenta Dedo de Moça possui inúmeros benefícios, dentre eles: função analgésica, anti-inflamatória, energética, estimulante, vitaminas, controle de colesterol, entre outros. 

2018-04-24

O que é a Prática do Bhāvana do Śuddha Rāja Yoga?

A Prática do Bhāvana1

Há dois termos técnicos muito próximos, presentes nos textos sagrados da Índia, tanto em sânscrito como no páli, que indicam o processo de desenvolvimento mental e contemplação. São eles: "bhāvana" e "bhāvanā". Ambos foram, originalmente, empregados no campo da agricultura, para designar o cultivo da terra. "Bhāvana" é um adjetivo e/ou substantivo neutro, que dá a ideia de desenvolvimento; enquanto "bhāvanā" é um substantivo feminino, que expressa a reflexão e a meditação budista. Ambos os termos referem-se à ideia de "cultivo", no sentido de se trazer algo à existência. Designavam, portanto, o cultivo da terra. O Senhor Buda os utilizou para explicar como cultivar o sentimento intuitivo e a meditação. Uma ideia que é cultivada, ou seja, colocada em prática com o devido fervor, tem mais valor que outra que permanece apenas como uma abstração teórica. Na prática do bhāvana procura-se externar o sentimento sintrópico de unidade e harmonia que decorre da meditação e se aperfeiçoa com ela. O bhāvana representa, portanto, a visualização e o reconhecimento da presença, em todas as coisas, da Essência do Sagrado. 

2018-04-17

A Via do Coração: impessoalidade, religião e espiritualidade

Francisco Barreto, instantes antes do início da cerimônia de consagraçào do Ashram Brahmala (08.04.18)
Francisco Barreto, instantes antes do início
da cerimônia de consagraçào do
Ashram Brahmala
(08.04.18)
Depois da organização de um evento, quase ninguém se ocupa em refletir sobre as etapas e os desdobramentos conceituais do processo da sua realização. É esta reflexão, relativa ao evento que culminou com o encontro realizado no último domingo (15.04.18) com Francisco Barreto, intitulado a Via do Coração, que será objeto do presente artigo.

Qual dos idealizadores e/ou participantes da organização de um evento se recorda como se deu o seu envolvimento com as distintas etapas do seu processo de elaboração? No caso do evento encerrado no último domingo, tudo começou com a iniciativa de Francisco, de gestar em sua mente esta viagem ao Rio, com todos os seus percalços, dificuldades e acertos, em meados de março. De minha parte, tenho consciência que a minha participação iniciou-se com o convite que recebi de um dos integrantes do grupo de Niterói, no dia 19 de março, logo após a reunião com os colaboradores anônimos da Universidade do Coração, conduzida por Francisco, via Skype, para ir conhecer o espaço que abrigaria o novo Ashram afiliado da instituição. Eu tinha consciência que o estabelecimento do Ashram Brahmala representava uma das principais motivações para a visita de Francisco. Era necessário consagrar aquele espaço e preparar as pessoas que ficariam incumbidas de levar adiante a árdua tarefa de viver e difundir os nobres ideais da realização espiritual, difundidos pela Grande Síntese, órgão mantenedor da futura Universidade do Coração.

2018-04-06

Os fundamentos e as origens do vegetarianismo e do veganismo

A Opção pelo vegetarianismo desde a infância (1966)
Discuto neste artigo a tese do fundador do veganismo, Donald Watson (1910 - 2005), de que o vegetarianismo seria um mero estágio para o veganismo e que se você é vegetariano falta ascender um degrau para se tornar vegano. Não é de todo verdade que o veganismo surgiu do aprofundamento do vegetarianismo, culminando numa maior coerência para com os direitos dos seres vivos. Até bem pouco tempo esses termos, "veganismo" e mesmo o seu precursor, "vegetarianismo", sequer existiam. As pessoas não se definiam como vegetarianas ou veganas, apenas diziam seguir uma dieta isenta de produtos de origem animal. Esta diferenciação ocorre no início do século XX, quando o termo "vegetarianismo" passa a designar um estilo de vida e uma forma de ativismo menos radical que aquela proposta no nascente veganismo. O vegetarianismo, diferentemente do veganismo, nunca busca o confronto, pois funda-se em um sistema milenar de valores morais e éticos, derivados de princípios espiritualistas, tanto orientais como ocidentais, sem nenhuma conotação de pregação e conversão. O veganismo surge na Inglaterra dentro do movimento vegetariano com a proposta de um ativismo mais combatente e menos tolerante que os vegetarianos. Diferentemente dos novos veganos, os vegetarianos, além de demonstrarem compaixão pelos animais, procuram, principalmente, expressar tolerância e compaixão com os seres humanos "não-vegetarianos" (não quero aqui utilizar o neologismo vegano "carnista", que, além de tradicionalmente não fazer parte do vocabulário dos autênticos vegetarianos, me parece um pouco ofensivo). Ser vegetariano implica, sobretudo, a atitude inclusiva, que acolhe e respeita a diversidade e o direito do outro de ser diferente. Desse modo, como as principais características dos pioneiros e autênticos vegetarianos (atitude tolerante, esforço de adaptação ao meio e respeito à diferença e à condição do outro) não pudessem ser totalmente compreendidas, ou assimiladas, pelos vegetarianos liderados por Donald Watson, estes passaram a adotar o termo "vegano", que passou então a definir àqueles vegetarianos que defendiam uma militância mais agressiva e uma postura de confronto com os "não-vegetarianos". 

2018-04-03

A Via do Coração: um reencontro com Francisco Barreto

Buddhi Yajña: Arquivo com os registros das reuniões de gestação da Grande Síntese
Buddhi Yajña: Registros das reuniões de gestação da Grande Síntese
Conheci Francisco Barreto em 1978, no Ashram Sarva Mangalam, ainda em seu antigo endereço, na esquina das ruas Aurélia e Heitor Penteado, na cidade de São Paulo. Eu frequentava este espaço, dirigido pela saudosa Marinês Peçanha de Figueiredo, desde que fora iniciado nas práticas de meditação, naquele mesmo local, pelas mãos de Sri Vajera, em 25 de agosto de 1974. Francisco havia recém ingressado em nossa instituição (28.08.1977) e estava de passagem por São Paulo. Ainda me lembro quando, após a prática de meditação, Marinês o convidou para se apresentar e dizer algumas palavras sobre o trabalho que estava estruturando em Sergipe. Logo após deixar o nosso grupo, Francisco seguiu viagem para Ribeirão Preto, onde foi recebido por Sérgio Barretto, o seu primeiro contato na instituição. 

2018-02-28

029. Cozinhando com o Coração

Legumes com curry (vegano)
RECEITAS DA SEMANA: Legumes com curry, Bolinho assado de arroz com painço, Sementes de jaca assadas, Suchá de maracujá, camomila e erva cidreira e Tiramisù vegano.


1. Legumes com curry (vegano)

Esta receita de legumes com curry pode ser adaptada aos legumes da época e ao gostos individuais. Os tempos de cozimento devem ser ajustados conforme os legumes utilizados. Você pode utilizar abobrinha, batata-doce, couve flor, vagem, cenoura, pimentão vermelho, entre outros.  Finalmente, o leite de coco atenua o sabor do curry mas, como alternativa, pode se misturar um pouco de iogurte natural diretamente no prato.

2018-01-13

028. Cozinhando com o Coração

Salada de feijão fradinho (vegana)
RECEITAS DA SEMANA: Salada de feijão fradinho, Batata assada com farinha de rosca, Sopa de cenoura e gengibre, Suco de casca de  abacaxi com cravo e canela, Trufa de macadamia e limão.

1. Salada de feijão fradinho (vegana)

O feijão fradinho oferece vários benefícios à saúde, ele é cheio de muitos nutrientes essenciais e é fácil adicioná-lo a uma dieta bem equilibrada. É rico em fibras, essenciais para a manutenção de um processo digestivo saudável e diminuição da constipação. É rico em ferro, que previne a anemia, a qual produz fadiga e fraqueza. O ferro transporta o oxigênio através do corpo para seus órgãos, células e músculos. É rico em zinco, bom para os olhos e um importante impulsionador do sistema imunológico, que pode ajudar a combater a gripe e curar feridas. É rico em proteínas, que ajuda no crescimento das células e fornece energia ao seu corpo. É uma boa fonte de manganês, antioxidante que protege as mitocôndrias, as estruturas dentro das células que produzem energia. É rico em potássio, um nutriente que ajuda a manter os níveis da pressão arterial em números saudáveis, o que reduz o risco de doença cardíaca. É pobre em calorias e gordura, uma proteção contra doenças cardíacas, diabetes e depressão.

Rendimento: 6 porções