2017-01-22

Śuddha Gṛhastha: o casamento e a formação do lar vegetariano

1983: A Celebração do Casamento Iogue


O nosso casamento foi celebrado em duas etapas. A primeira aconteceu em 22.01.1983, quando Cássia e eu realizamos os ritos matrimoniais, conforme prescritos na tradição ocidental e em atendimento ao desejo de nossos pais. A segunda etapa, deu-se sem o conhecimento da família, de forma sigilosa, em 06.02.1983, durante o período de nossa "Lua de Mel", quando nos hospedamos por um período no antigo Ashram Atma, primeira célula do atual Śuddha Sabhā Ātma. Lá celebramos o casamento segundo a milenar e ancestral tradição do Śuddha Yoga. Já acreditávamos naquela época que os casamentos dignos deste nome eram aqueles celebrados, não apenas em nome dos ideais da família e da tradição, mas principalmente da atualização e da superação daquilo que se entendia por "família" e "tradição". O casamento ióguico expressava o nosso compromisso com a grande família estendida, representada pela humanidade, e o entendimento de que os casamentos devem ser celebrados com o objetivo de trazer luz para o mundo – dar a luz, conforme o exemplo paradigmático das celebrações de Natal. O Natal acontece quando o casamento deixa de se centrar no casal e passa a representar o ideal maior de trazer e lançar ao mundo boas sementes. Por isto realizamos as duas cerimônias. A primeira atendia os nossos pais e a segunda expressava o nosso entendimento do casamento, verdadeiramente, como um saṃskāra, um sacramento.

2017-01-12

Bhāvana Namaḥ: a Universidade do Coração

Proponho-me, hoje, a refletir sobre o processo gradual de implementação da futura Universidade do Coração, definido no encontro que aconteceu de três a cinco de fevereiro de 2012, na sede do nosso Grupo de Estudos, no Rio de Janeiro. Nesta ocasião foram estabelecidos os pilares fundamentais da Universidade do Coração, gestados há alguns anos, a partir de diversas iniciativas dos três campi mantidos pelo Instituto Cultural Grande Síntese: (1) a Fazenda Mãe Natureza, localizada à margem do rio São Francisco, no Povoado da Saúde, em Santana do São Francisco - SE; (2) a Comunidade do Eu Sou (em frente a estação da balsa que faz a travessia para Penedo - AL), e (3) o Edifício Milagres, localizado na rua Lagarto, 58, Aracaju – SE. Alguns meses depois deste encontro, no dia 31 de agosto de 2012, sexta-feira, às 21h00, aconteceu, na Fazenda Mãe Natureza, a cerimônia de consagração e inauguração do complexo do Śuddha Sabhā Ātma, responsável pela concepção da Universidade do Coração. O estabelecimento da Pedra Fundamental da nova sede do Śuddha Sabhā Ātma acontecera em 31 de dezembro de 2011, sábado, exatamente às 12h00, e foi a partir daí que se passou a desenvolver de forma mais concreta uma serie de ações destinadas à constituição desta universidade voltada, unicamente, a facilitar o contato real com o Ser Sagrado que reside no coração de todos os seres.

2017-01-08

Sorriso Interior: a Bhagavad Gītā e os germens da transcendência

As percepções polarizadas do nível racional e egoísta,
e a intuição transcendental do plano absoluto da realidade.
Comecei a refletir sobre a transcendência (nirvāṇa ) da realidade dual (saṃsāra) a partir da minha primeira publicação, Síndrome do Pânico: Aprendendo com a pedagogia da dor (Ed. Litteris: 1998). Esta pequena novela deveria se chamar Sorriso Interior em homenagem ao poeta simbolista Cruz e Souza, mas, por pressão da editora, saiu com esse título, que contemplava um dos temas da moda. Embora o texto não tenha valor literário, ainda o prezo por ele mapear um pouco da minha jornada espiritual. O livro reflete sobre algumas instâncias concretas da síndrome do pânico para exemplificar aquilo que concluíra ser a Lei Universal e o fundamento da transcendência: o contrário de amor é, simplesmente, ausência de amor, e o principal sintoma desta ausência é o medo. O medo revela sempre esta ausência; ausência de uma forma de amor. O caminho para a transcendência estaria contido nesta forma superior de amor que não tem contrário e que se funda no altruísmo biológico, natural a todos nós (veja aqui). O amor em seu estágio mais elevado e altruísta não se traduz pelo amor passional e romântico, que tem no ódio o seu oposto.